Certamente tanto as mulheres quanto os homens devem se preocupar em prevenir problemas no joelho. Entretanto, há um fato que talvez não seja de conhecimento de todos: os principais problemas e lesões no joelho são em geral mais frequentes nas mulheres do que nos homens.
Um dos problemas é a condromalácia patelar, muito conhecida pelos praticantes de esportes, principalmente nas academias. A condromalácia deriva dos termos chondro – cartilagem, e malattia – doença. Portanto a condromalácia patelar acomete a cartilagem da patela.
A cartilagem da patela é a cartilagem mais espessa do corpo humano. Esta cartilagem é submetida a grandes pressões, principalmente ao realizar atividades de impacto. Ao correr, saltar, subir e descer escadas a pressão sobre a cartilagem da patela pode corresponder a mais de cinco vezes o peso do corpo. O mesmo ocorre com determinados exercícios na academia, como o leg press, a cadeira extensora, o agachamento, spinning, entre outros.
As mulheres têm um risco aumentado de condromalácia devido a fatores biomecânicos e anatômicos, como a patela alta, o geno valgo e aumento do ângulo Q. Outros fatores que podem estar envolvidos são:
- Excesso de treinamento
- Erro na técnica de execução dos exercícios
- Peso excessivo nos aparelhos de musculação
- Encurtamento muscular por falta de alongamento
- Desequilíbrios musculares
- Joelho valgo (em “X”)
- Patela alta
- Predisposição genética a problemas de cartilagem
A artrose (também conhecida como osteoartrose ou osteoartrite) do joelho também é mais frequente em mulheres. Extensos estudos mostraram que a prevalência de artrose do joelho é cerca de 37% maior nas mulheres do que nos homens. (1,2)
Outro problema grave no joelho mais frequente em mulheres é a lesão do LCA (ligamento cruzado anterior). O risco de lesão do LCA chega a ser de 2 até 8 vezes maior em mulheres, de acordo com o estudo. (3) A maior parte das lesões do LCA ocorre sem contato, ou seja, a torção ocorre por um movimento que a pessoa faz sozinha. Geralmente são movimentos de mudança de direção ou aterrisagem de saltos que são executados de maneira incorreta. Estes movimentos incorretos, como o valgo dinâmico, podem ser corrigidos com exercícios adequados ou fisioterapia preventiva.
Os hormônios femininos, principalmente o estrógeno, também estão envolvidos no aumento de risco de lesão do LCA em mulheres, que também está relacionada ao ciclo menstrual. Os estudos são controversos, mas a maioria aponta maior risco de lesão no período logo antes da menstruação.
Como vimos, diversos fatores estão envolvidos, como fatores genéticos, hormonais, anatômicos e de composição corporal. Devemos agir nos fatores que são modificáveis, como a correção de movimentos esportivos, o fortalecimento muscular e o controle do peso corporal. Portanto, mulheres, previnam-se. Muito cuidado com os seus joelhos!
Referências:
- Srikanth VK, Fryer JL, Zhai G, Winzenberg TM, Hosmer D, Jones G. A meta-analysis of sex differences prevalence, incidence and severity of osteoarthritis. Osteoarthritis and Cartilage. Elsevier; 2005 Sep;13(9):769–81.
- O’Connor MI. Osteoarthritis of the Hip and Knee: Sex and Gender Differences. Orthop Clin North Am. 2006;37(4):559–68.
- Hewett TE, Myer GD, Ford KR. Anterior cruciate ligament injuries in female athletes: Part 1, mechanisms and risk factors. The American Journal of Sports Medicine. 2006 Feb;34(2):299–311.
Meu nome é Ednelia, e tenho desgaste no menisco, já foi feito uma artroscopia e mesmo assim ainda continua com desgaste no menisco e artrose. Tenho também um cisto de beker no joelho esquerdo.
Muitas vezes a artrose e o desgaste no menisco ocorrem juntos, e tratar a lesão do menisco, mesmo com artroscopia, não resolve o problema da artrose. Veja o outro post no meu blog “Quere é poder: como tratar artrose sem cirurgia”. Um abraço.