O que é antifrágil? E o que a medicina esportiva tem a ver com isso?

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No livro Antifrágil, Nassim Taleb define um novo conceito, o conceito de antifragilidade. O que seria isso? Uma coisa é frágil quando se quebra facilmente, por exemplo. Ou seja, é prejudicada com a adversidade, ou com mudanças bruscas da situação. Um prato de porcelana no alto de um armário é frágil: qualquer tremor pode fazê-lo cair e quebrar-se. Por outro lado, uma coisa é resistente, ou robusta, quando não se prejudica com a adversidade. Uma barra de ferro, por exemplo, não seria afetada por uma queda de um metro de altura. Note, entretanto, que a queda não beneficia a barra de ferro: ela apenas resiste. Portanto, resistente não é o contrário de frágil: enquanto o frágil se quebra, com o resistente nada acontece. O contrário de frágil, portanto, seria algo que se fortalece com a adversidade: o antifrágil, ou seja, que seria beneficiado com a queda.

O foco do livro é o mercado financeiro, mostrando como a volatilidade é benéfica para o mercado, e como estratégias de investimento devem sempre contemplar a ocorrência de eventos completamente imprevisíveis: os famosos Cisnes Negros, alegoria muito utilizada desde a época do filósofo David Hume. Entretanto uma das principais analogias que Taleb utiliza em seu livro é a resposta do corpo humano ao esforço, à sobrecarga e aos agentes estressores.

Enquanto as máquinas sofrem desgaste ao serem utilizadas, o corpo humano, se não utilizado, sofre atrofia por desuso. Ou seja, o organismo humano tem característica de antifragilidade: “O que não mata, me fortalece”já dizia Nietzsche. É claro que esta antifragilidade não é absoluta: dependendo do tipo e intensidade da agressão, pode ser prejudicial. Entretanto, a completa ausência de esforço, sobrecarga ou até mesmo adversidade causa atrofia.

Há muito tempo já foi abandonada a idéia de que pessoas com problemas de saúde não deveriam se exercitar. Hoje, exercícios são recomendados para problemas que variam de cardiopatias a artrite. Na medicina esportiva, o conceito mais amplamente difundido atualmente é o conceito “Exercise is medicine”: exercício é remédio. Ou seja, como qualquer medicamento, apresenta dosagem ideal para ser eficaz. Taleb exemplifica dentro do seu conceito, o que poderia ser considerado frágil em medicina; o uso de medicamento para doenças crônicas não fortalece o indivíduo, torna-o dependente. Por outro lado, a realização de exercícios aumenta sua capacidade, sua funcionalidade e diminui sua dependência.

Os estudos científicos comprovam de forma definitiva que atividades físicas são indicadas para uma miríade de doenças, como diabetes, hipertensão, cardiopatia, pneumopatia, artrose, doenças reumáticas, depressão, etc, etc, etc, tanto de forma preventiva quanto terapêutica. É claro que pessoas com problemas de saúde tendem a ser mais frágeis e menos antifrágeis, e pessoas plenamente saudáveis tendem a ser menos frágeis e mais antifrágeis. Isso é o que chamamos de reserva funcional: o quanto de sobrecarga o indivíduo tolera sem sofrer dano ou lesão. Pessoas com problemas de saúde tendem a ter menor reserva funcional. O benefício do exercício é justamente aumentar essa reserva funcional, através de sobrecarga e sobrecompensação. A antifragilidade é uma característica do nosso organismo. Temos de usá-la a nosso favor.

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